domingo, 19 de junho de 2011

1001 filmes que vi antes de crescer - 1

Cheguei ao Recife no apagar das luzes da década de 1970. O dia exato: 29 de dezembro de 1980. Me mandei para a capital pernambucana para fazer um cursinho pré-vestibular e concorrer a uma vaga no curso de jornalismo da Unicap. Ainda não tinha 18 anos. Até então duas coisas eram importantes na minha vida: o Santa Cruz e os filmes (todos os filmes). Talvez mais os filmes que o tricolor do Arruda. Sentia - como ainda hoje sinto - que tinha passado a vida inteira dentro de um cinema vendo filmes.

Ao contrário de alguns amigos, que perderam o fascínio pelo cinema, ainda me sinto como o mesmo menino que passava as noites dentro do Cine Brasília, em Bom Conselho (no Agreste Meridional de Pernambuco). O Cine Brasília não era uma sala de muita beleza, mas tinha uma certa imponência para poder abrigar seus 800 lugares. Nas soirées de sábado e domingo ficava completamente cheio. Não sei bem a data da sua inauguração. Nem quando fechou as portas (já não morava mais lá). Mas entre 1967 e 1980 não arredei pé dele. E não foi por outro motivo que pensei no nome do blog, como uma maneira de relembrar os filmes que assisti há muito tempo. Assim, queria pensar no cinema a partir de uma perspectiva pessoal, íntima, ligada ao passado.

Por sorte, tenho uma lista enorme dos filmes vistos no período. Herdei de um amigo, Pedro Bias - e continuei atualizando. Tenho também tenho uma coleção muito boa das sinopses que os distribuidores mandavam para o cinema e que Pedro Lima, o faz tudo do Cine Brasília, guardava para mim. Um acervo muito bom  que carrego desde então, sem nunca ter perdido nada. Honestamente, não sei se chegarei a quantidade de filmes do título deste post, que é uma brincadeira com o livro de Steven Jay Schneider, mas tentarei ir até o máximo que puder. Para dar procedimento à ideia resolvi fazer pequenas entregas de 25 títulos por post.

Ao fim e ao cabo desta empreitada - em meio as outras ideias que surgirão por aqui - creio que farei uma bela viagem aos doces momentos da minha iniciação cinefílica. Apesar de já ter feito site, nunca fui muito entusiasta de blogs. Mas a pressão da minha filha Ana Maria, que fez a programação visual deste Cine Brasília apresenta, foi tanta que acabei cedendo aos seus caprichos. É para ela, Ivana, Irina, Anco Márcio, Pedro Lima, Pedro Bias, Seu Chiquinho, Wilson, Socorro, Petrúcio, Maria José, José Antônio, Antônio, Francisco, Paulo, Alfredo, Salmo, minha mãe, Maria, meu pai, Ernesto (in memoriam), e minha tia, Bebé, que dedico este blog.

Sem mais delongas, vamos aos primeiros filmes que vi antes de crescer. A lista é totalmente aleatória. Mas, sem exceção, assistir a todos no Cine Brasília. No futuro, voltarei a alguns deles. Nos meus rascunhos, guardava os nomes dos filmes e de alguns atores. Só agora é que estou acrescentando o ano de produção, o título original e o diretor. Percebo que muitos filmes quase não têm registro de informação em português, nem mesmo o título nacional no IMDB. Quando tiver algum tempo vou submeter os títulos que faltam a este fantástico banco de dados, que a cada fica mais democrático e acessível.

01. Roy Bean, o homem da lei (The life and times of judge Roy Bean), de John Huston (1972)
02. O emissário Mackintosh  (The Mackintosh man), de John Huston ( 1973)
03. A fera de Forte Bravo (Escape from Forte Bravo), de John Sturges (1953)
04. Sabata vem para vingar (Return of Sabata), de Frank Kramer (1971) 
05. Quando os homens são homens (The legion of no return), de León Klimovsky (1971)
06. Renegado vingador (Chato´s land), de Michael Winner (1972)
07. Assassino a preço fixo (The Mechanic), de Michael Winner (1972)
08. As filhas de Drácula (Twins of evil), de John Hough (1971)
09. Vingança em estilo chinês (The Killer), de Chor Yuen (1972)
10. Águias em duelo (Von Richthofen and Brown), de Roger Corman (1971)
11. O satânico Dr. No (Dr. No), de Terence Young (1963)
12. O homem de La Mancha (The man from La Mancha), de Arthur Hiller (1972)
13. A filha do padre, de Tony Vieira (1975)
14. A grande valsa (The Great Waltz), de Andrew L. Stone (1972)
15. Cada dia será como Deus quiser (The christmas tree), de Terence Young (1969)
16. Visitantes na noite (Cold Sweat), de Terence Young (1970)
17. Joko envoca Deus e mata (Joko, invoca Dio... E muori), de Anthony M. Dawson
18. 007 Contra a chantagem atômica (Thunderball), de Terence Young (1965)
19. O ouro de Mackenna (Mackenna´s Gold), de J. Lee Thompson (1969)
20. Borsalino, de Jacques Deray (1970)
21. Django, de Sergio Corbucci (1966)
22. Uma pistola para Ringo (Una pistola per Ringo), de Ducio Tessari (1965)
23. Deus os cria... Eu os mato (Dio le crea... Io li ammazzo!), de Paolo Bianchini (1968)
24. Minha vingança será sua morte (Todo por nada), de Alberto Mariscal (1969)
25. Chuck Mull, o homem da vingança (Ciak Mull - L´uomo della vendetta), de Enzo Barboni (1970)

Pelo que me lembro assisti a estes 25 filmes - não todos, mas a grande maioria - em 1975, aos 12 anos. Até esta época, os westerns - principalmente os spaghetti-westerns - ainda dominavam a programação dos cinemas do interior. O gênero era tão forte que mesmo no seu fim ainda tinha muita influência. O brasileiro A filha do padre, por exemplo, é um faroeste brasileiro - ou western-feijoada - como alguns críticos tentaram tipologizar. O cinema de gênero ainda estava nos seus grandes dias, renovado, inclusive, com os filmes de artes-marciais de Hong Kong e as pornochanchadas do Brasil. Esperem que tem mais pela frente. Mas não apenas só isso, claro, pois vou ter liberdade para escrever o sobre o que bem entender.

Nenhum comentário:

Postar um comentário